quinta-feira, 21 de junho de 2012

Tam sairá da Star Alliance, como ficam suas milhas?

A brasileira Tam e a chilena Lan estão em processo de fusão submetido à exigências do Tribunal de Defesa da Livre Concorrência do Chile.
Uma dessas exigências diz respeito às alianças entre cias. aéreas. A Tam faz parte da Star Alliance e a Lan faz parte da oneworld.
A Latan, empresa resultante da fusão, deverá escolher entre uma das duas alianças, ou mesmo uma terceira aliança, desde que, a aliança escolhida não inclua o grupo Avianca/ Taca. E exatamente este grupo passou a fazer parte da Star Alliance ontem, juntamente com a Copa Airlines do Panamá.
Dessa forma as opções para a Latan seriam a oneworld (o nome oficial da aliança é escrito todo em minúsculas) ou uma outra aliança que não a Star Alliance. Como a Lan é membro fundadora da oneworld,  essa certamente será a escolhida.
E para quem tem milhas Tam, o que isso significa?
Para quem pretende usar milhas nos voos Tam nada muda. Para quem pretende usar milhas nas parceiras da Star Alliance muita coisa muda.
Em breve as milhas não poderão mais ser usadas nas cias. parceiras como Lufthansa, Tap, United Airlines, Singapore Airlines, Air Canada, etc. De fato já sentimos uma resistência dessas cias. aéreas nesse sentido, mesmo sem a comunicação oficial ter sido feita.
O mesmo vale para o acúmulo de milhas. Não é do interesse dessas cias. aéreas que pessoas a bordo de seus aviões acumulem milhas em um programa que as levará a voar com concorrentes de outra aliança.
Mas afinal, há ganhos ou perdas?
A resposta à essa pergunta depende de como se acumula e como se pretende usar as milhas.
Quem costuma usar Lufthansa, por exemplo, e acumula milhas no programa Fidelidade da Tam, terá que escolher outro programa para acumular suas milhas.
As opções passam a ser os programas das cias. aéreas da Star Alliance (clique no link para ver a lista de participantes) ou o programa da própria aliança, que não está atrelado a uma cia. aérea específica mas que pode ser usado para acumular e usar milhas em qualquer uma delas.
Normalmente estando atrelado a uma cia. aérea específica consegue-se mais benefícios quando se pretende usar milhas naquela cia.
E a entrada da Avianca/ Taca na Star Alliance?
A Avianca é uma empresa colombiana e é a mais antiga cia. aérea da América Latina. A Taca é uma empresa formada pela união de algumas cias. aéreas da América Central, ou caribenhas como elas preferem dizer. Entre elas a costa-riquenha Lacsa. Para o Brasil a Taca opera via Lima, Perú. Mas, San José, Costa Rica, é um importante centro de conexões da cia.
O grupo Avianca/ Taca foi formado pela união das duas após ambas terem sido compradas por um grupo brasileiro chamado Sinergy. Esse mesmo grupo já era proprietário da OceanAir e por isso o nome dessa última foi alterado para Avianca Brasil. Mas apesar de pertencerem ao mesmo grupo e terem o mesmo nome a Avianca Brasil ainda opera independente da Avianca/ Taca. Tão independente que os voos da Avianca Brasil ainda não estão ajustados para servirem de conexões para os voos internacionais do grupo. Quando alguém de, digamos, Porto Alegre precisa embarcar em um voo da Avianca para Bogotá, a conexão é geralmente feita com Tam ou Gol. Obviamente espera-se que isso mude com o tempo. A lógica indica para a entrada da Avianca Brasil na Star Alliance, embora pareça, por questões operacionais, que isso ainda deve demandar algum tempo.
Já a Gol, que atualmente não pertence a qualquer aliança, provavelmente virá a se aliar à Skyteam. Isso porque a Delta Airlines, membro fundadora da Skyteam, comprou no ano passado uma participação na Gol por US$ 100 milhões. Provavelmente o contrato de compra tem alguma cláusula de bloqueio de entrada em outra aliança.
No mercado nacional resta a Azul, que ganhou ainda mais relevância após a recente compra da Trip Linhas Aéreas. Mas a Azul segue o mesmo modelo da americana JetBlue. Ambas foram fundadas pela mesma pessoa, David Neeleman. A Azul ainda é bem jovem, tem pouco mais de 3 anos, mas a JetBlue foi fundada em 1998 e não faz parte nem sinaliza ter intenção de fazer parte de qualquer aliança. Portanto acredita-se que a Azul terá postura semelhante.
E quais as principais diferenças entre as alianças?
Para os brasileiros é interessante, por razões óbvias, acumular milhas em cias. aéreas que tenham voos no Brasil ou que tenham aliança com cias. aéreas que tenham voos no Brasil.
No momento somente a Tam, ainda na Star Alliance, preenche esses requisitos. Com a mudança para a oneworld essa situação se manterá mas os parceiros serão outros.
A Star Alliance é uma aliança bem maior, com 27 cias. aéreas participantes, contra 12 (14 em breve) da oneworld e 16 da Skyteam. Esses números ainda não consideram a mudança da Tam mas já consideram a entrada da Avianca/ Taca e da Copa Airlines na Star Alliance.
Além de ser a maior essa aliança inclui cias. aéreas importantes para os brasileiros. É o caso da portuguesa Tap, que tem o maior número de voos entre Brasil e Europa dentre todas as cias. aéreas. Também a Lufthansa que oferece muitas conexões via Alemanha para diversos países da Europa e ligações com a Ásia. Há ainda a Turkish e a Singapore com opções para Oriente Médio e Ásia, além da South African oferecendo voos para o continente africano e ramificações para a Ásia. Em direção à América do Norte as opções são várias. As principais são a United Airlines e a US Airways, ambas americanas, e a Air Canada, única cia. aérea com voos diretos do Brasil para o Canadá.
Mas, desde ontem também pode-se chegar ao continente norte-americano com a Avianca/ Taca e com a Copa. Essas mesmas empresas também abrem o leque de opções para os brasileiros que queiram viajar ao Caribe.
O ponto fraco da Star Alliance é justamente a ligação entre o Brasil e os países da América do Sul. E esse ponto ficará ainda mais fraco com a saída da Tam. Além disso. sem a Tam, a aliança ficará também sem opção de voos dentro do Brasil, pelo menos até que a integração da Avianca Brasil seja feita ou que outra opção seja oferecida.
No caso da oneworld, os principais destinos são Estados Unidos com American Airlines e Europa com Iberia e British Airways. A Lan oferece algumas opções para América do Sul, que será reforçada com a entrada da Tam e da mesma forma passará a ter um parceiro importante nos voos dentro do Brasil.
Já a Skyteam tem sua força de atuação entre Brasil e Europa com Air France, KLM e Alitalia. Em direção à América do Norte a operação é feita pela Delta Airlines com opção também pela Aeromexico, via Cidade do México. Também faz parte dessa aliança a Korean Airlines que liga o Brasil à Ásia via Los Angeles e Seul.

Resumindo, muita coisa vai mudar para boa parte dos viajantes frequentes brasileiros. Mas,
 provavelmente a Tam divulgará uma período de transição para seus clientes poderem se ajustar às mudanças.